“1984”, uma obra mais presente do que nunca
Escrito no século 20, o livro reflete uma crítica ao totalitarismo
Dizem por aí que o Big Brother, o popular reality show no qual os competidores ficam confinados em uma casa, sendo vigiados por câmeras 24 horas por dia, foi inspirado na obra de ficção “1984”, escrita por George Orwell e lançada em 1949.
Escrito no século 20, o livro reflete uma crítica ao totalitarismo, uma vez que os moradores não poderiam, de forma alguma, contestar o sistema criado pelo regime.
Com o slogan “O Grande Irmão está de olho em você”, 1984 conta a história de Winston Smith, um funcionário do Ministério da Verdade responsável por reescrever notícias e registros históricos. Ele é encarregado de alterar o passado e, assim, moldar o presente.
Neste universo distópico, um tal Grande Irmão observa tudo e todos por meio de câmeras, e qualquer sinal de comportamento ou pensamento desviante é severamente punido pela Polícia do Pensar.
Entretanto, Winston, treinado para obedecer e calar, começa a questionar essa realidade. Ele enxerga a oportunidade de fazer algo maior e arrisca sua vida por uma sonhada mudança.
“Enquanto eles não se conscientizarem, não serão rebeldes autênticos e, enquanto não se rebelarem, não terão como se conscientizarem.”
Uma obra escrita há mais de 70 anos que comprova que Orwell, assim como Arthur C. Clarke, Aldous Huxley e Asimov, foi (e continuará sendo) um grande futurista.
Entenda os conceitos e como eles se relacionam com o mundo atual:
A culpa é do “Big Brother”:
Na sociedade de 1984, todos estão sob vigilância do governo. Hoje, podemos comparar esse controle às redes sociais, nas quais compartilhamos voluntariamente nossas informações, mas que também coletam e processam nossos dados sem que estejamos totalmente cientes. Se alguma vez você já sentiu que as redes sociais “leram” a sua mente, a culpa é do “Big Brother”.
Verdades convenientes:
Nossas percepções são controladas para se adequarem ao desejo de quem está no poder. É como se a mentira passasse a ser considerada verdade. Isso acontece à medida que se torna uma crença coletiva, sempre em favor de outro resultado mais conveniente. A lógica hoje se aplica às fake news: a informação em si deixa de ser importante, e o que passa a valer é a fonte de onde ela vem — “se fulano disse, é porque é verdade” ou “eu recebi pelo WhatsApp, está na internet”.
Duplipensar:
Fenômeno chamado por Orwell de “duplipensar”: o indivíduo passa a aceitar duas crenças contraditórias ao mesmo tempo, mas sem noção de que se trata de uma contradição — é isso que difere o duplipensar da hipocrisia ou da neutralidade.
“É o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente”, descreve Orwell.
Alguma similaridade com as “teorias alternativas” que tanto convivemos hoje em dia?